Abraçando o agridoce para uma comunicação mais autêntica



Cada vez mais pessoas acreditam que os líderes da sociedade mentem. Esta frase perturbadora é um dos destaques do Edelman Trust Barometer 2022, pesquisa realizada com 36 mil respondentes em 28 países. No Brasil, enquanto aumenta o grau de confiança nas empresas e nas ONGs, os cidadãos ficaram mais desconfiados da Mídia e do Governo.
É neste cenário de crise de confiança e tensões sanitárias, macroeconômicas e geopolíticas que profissionais de marketing e comunicação se veem diante de um dilema: como respeitar a seriedade do momento e manter um diálogo com credibilidade sem prejuízo da criatividade e autenticidade? Mais do que isso, observa-se uma tendência de recuperar o humor perdido. Algumas das campanhas publicitárias mais aclamadas no mundo este ano buscaram gerar engajamento conectando marca e produto com trending topics e eventos divertidos.
A Paramount Pictures, por exemplo, viralizou ao despertar o interesse para seu filme de terror #Smile «plantando» atores do filme em algumas das partidas de maior audiência do Super Bowl. Os sorrisos sinistros e engraçados dos atores motivaram milhões de pessoas a repetir o gesto e postar em suas redes. Outro exemplo é a campanha de memes do Spotify «Me, also me», que convidou pessoas de várias partes do mundo a comprovar que cada um pode ter uma música, um filme ou um meme para chamar de seu.
Apesar do tom leve e descompromissado, essas campanhas são exemplos de como o bom humor de agora tem vindo carregado de um certo sabor agridoce. Não é à toa o sucesso do livro «Bittersweet» da escritora norte-americana Susan Cain, que fala sobre a coexistência da alegria e da melancolia e sobre como aceitar o aspecto agridoce da existência humana nos torna pessoas mais completas. Como profissional de comunicação, vejo neste insight um bom caminho para uma comunicação mais contemporânea e autêntica, seja no marketing ou na comunicação empresarial. Se eu puder escolher, prefiro inverter para «sweet better», priorizando agendas de que venham com propósito, impacto positivo e, sempre que possível, com aquele saudoso toque de humor.
É neste cenário de crise de confiança e tensões sanitárias, macroeconômicas e geopolíticas que profissionais de marketing e comunicação se veem diante de um dilema: como respeitar a seriedade do momento e manter um diálogo com credibilidade sem prejuízo da criatividade e autenticidade?
